Da Periferia aos Desafios do Ensino Superior

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

O PROUNI E SUAS FACES: os desafios da inclusão em uma sociedade excludente

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
 FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA SAÚDE - PSICOLOGIA





 Cléria Souza
Cynthia Prado
Gabrielly Brasca
Juliana Montans
Sabrina Xavier




  

O PROUNI E SUAS FACES: os desafios da inclusão em uma sociedade excludente
















São Paulo
2015


 Cléria Souza
Cynthia Prado
Gabrielly Brasca
Juliana Montans
Sabrina Xavier








O PROUNI E SUAS FACES: os desafios da inclusão em uma sociedade excludente






 

Relatório de pesquisa entregue à disciplina de Modelos de Investigação do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) sob orientação da Profa. Dra. Fabiola Freire Saraiva de Melo e Profa. Dra. Cecília Pescatore Alves.




São Paulo
2015












RESUMO


A pesquisa a seguir teve como objetivo investigar as dificuldades e impressões dos alunos prounistas a respeito do mundo universitário, com o intuito de conhecer o cotidiano dos alunos e contribuir com novas formas de inserção na universidade. A pesquisa foi realizada com 182 estudantes da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, de 25 cursos diferentes, membros do grupo virtual ProUni-se. Trate-se de uma pesquisa de levantamento, cujo instrumento utilizado foi um questionário online com múltiplas alternativas. O questionário buscava informações referentes a identificação do aluno, trajetória educacional, deslocamentos, situação ocupacional, concepção do mundo universitário, entre outras. Constatou-se que os desafios enfrentados pelos prounistas são advindos de uma marginalização histórica, englobando a dificuldade com o ensino público, deficiência financeira, dificuldade na locomoção, mantimentos, compra de materiais, entre outros. Porém, aparece a satisfação em relação a oportunidade proporcionada pelo programa, que se torna um aliado para incentivar o aluno a dar continuidade ao curso, mesmo enfrentando, todos os dias, inúmeros obstáculos.  
Palavras-chave: PROUNI, acesso/permanência/inserção, Ensino Superior.



SUMÁRIO



Introdução .........................................................................................................4
Objetivo .............................................................................................................9
Metodologia .....................................................................................................10
Resultados e análises .....................................................................................11
Conclusões........................................................................................................19
Referências .......................................................................................................21
Apêndice 1 – Gráficos......................................................................................22
Apêndice 2 – Modelo Termo de consentimento livre e esclarecido ..........25
Apêndice 3 – Modelo Questionário ...............................................................27




INTRODUÇÃO

 O ProUni[1] é um programa político e educacional que oferece bolsas integrais e/ou parciais para pessoas de baixa renda. Para que o candidato possa concorrer à bolsa integral ele deve possuir uma renda per capita de, no máximo, um salário mínimo e meio. Para que o candidato possa concorrer a uma bolsa parcial de 50%, o candidato deve possuir uma renda de, no máximo, três salários mínimos por pessoa. O estudante ingressa através do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), em instituições de ensino superior privadas. A nota mínima estabelecida pelo MEC para participação no processo seletivo do Prouni referente ao segundo semestre de 2015 é de 450 (quatrocentos e cinquenta) pontos na média aritmética das notas obtidas nessa prova, o que equivale a acertar menos da metade da prova, visto que a somatória é de 1000 pontos. Quanto mais concorrido o curso, maior será a nota de corte.
Esse estudo visa refletir sobre as implicações do “Programa Universidade para Todos” (Prouni) no cotidiano de estudantes da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), trazendo aspectos subjetivos da experiência dos prounistas, bem como discutir e levantar mais dados sobre suas dificuldades, superações, medos, angústias, expectativas, etc. Além disso, é importante destacar a diferença social e econômica destes alunos bolsistas comparado aos demais alunos pagantes da universidade, que acarreta em uma desigualdade social a ser enfrentada. Para isso foram entrevistados integrantes do grupo “ProUni-SE! PUC-SP”2 (Projeto Universitário de Suporte ao Estudante).
 Comumente, os bolsistas do ProUni são oriundos de uma escolarização precária, no geral de escolas públicas ineficientes e despreparadas, além de possuírem baixo capital e histórico familiar também proveniente desse histórico excludente. Por conta dessa defasagem educacional, o acesso ao sistema de ensino superior se torna árduo devido às enormes diferenças entre aqueles de nível socioeconômico elevado e estes que tiveram, desde o princípio, poucas oportunidades escolares e baixa renda.
 Diversos estudos atuais indicam que, apesar dos avanços proporcionados por esse programa, ele não supre completamente a desigualdade existente, historicamente construída. Segundo Sena (2011):
[...] O Ensino Superior era privilégio somente das elites, que percebiam que o domínio da cultura letrada e os altos custos de uma formação conferiam status e distanciamento das camadas sociais mais pobres que ficavam à margem de um projeto de educação que atendesse às massas (p. 58).
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)[2] mostra que 69% dos jovens no Brasil de 18 a 24 anos não estão estudando, ou seja, isso indica uma pirâmide educacional na qual só uma fração muito pequena tem acesso à educação superior (13,8%). Dessa forma, o Prouni fornece uma alternativa a esses jovens que possuem poucas oportunidades de ingresso ao ensino superior, visto que comumente o ingresso em universidades públicas é até mais dificultoso e concorrido que em particulares.
Na tese de doutorado “Estímulo, acesso, permanência e conclusão no Ensino Superior de alunos bolsistas do programa universidade para todos (ProUni): contribuição para o enfrentamento do processo de inserção” (2011), Eni de Faria Sena afirma “o que também deve ser colocado em debate relaciona-se ao acesso (...) pela população de baixa renda, pois as barreiras iniciam-se no processo de seleção ainda muito elitizado” (p. 121). Desse modo, as possibilidades de inserção são também bastante limitadas, visto que se faz necessário que o prounista que queira entrar em um curso mais concorrido precise de mais tempo para estudar e, muitas vezes, com um auxilio de outra instituição de ensino, como cursos pré-vestibulares. Essa tomada de tempo já é dificultosa para muitos alunos, visto que é comum que suas famílias necessitem de sua ajuda para a renda do lar. Desse modo, muitos dos candidatos ficam em desvantagem em relação aos outros, pois precisam trabalhar.
No artigo “A efetividade de programas sociais de acesso à educação superior: o caso do ProUni”, (Saraiva e Nunes, 2011) afirmam:
O ProUni engloba diversas expectativas e interesses por parte dos governantes, das instituições e dos estudantes: o governo federal, com a possibilidade de desenvolvimento do país, por meio da divulgação dos programas sociais desenvolvidos, objetiva o aumento de brasileiros no ensino superior, o que traz benefícios às instituições de ensino superior particulares, por meio da redução da carga tributária com abatimentos de alguns impostos e, para os estudantes, a possibilidade de acesso à educação superior. (p.3)
Além disso, os cursos de maior concorrência, e, concomitantemente, de maior gasto - como Medicina, Direito e Engenharia - apresentam menor quantidade de vagas disponíveis para prounistas. Alguns deles possuem carga horária integral, o que dificulta a possibilidade de trabalharem, além do custo com materiais, alimentação e transporte, que não são subsidiados pelo governo.
 Para Catani e Hey (2007), este programa promove o acesso à educação superior aliando baixo custo para o governo, equilíbrio do impacto popular, atendimento às demandas do setor privado e regulagem das contas públicas ao atender à demanda por acesso à educação superior. Mancebo (2004) critica esta iniciativa do governo ao afirmar que, diante da falta de recursos para investimentos, da dívida pública herdada de governos anteriores, propõe uma parceria público-privada para somente conseguir investimentos privados e tentar alavancar o crescimento econômico e a geração de empregos. Nesse sentido, o ProUni representaria a retomada de uma tradição de políticas e renúncias fiscais que mais beneficiam o setor privado do que induzem às políticas democratizantes (Catani, Gilioli e Hey, 2006).
Conforme explicita Lourenço (2013), quando os alunos que saem das periferias das grandes cidades para estudar em universidades públicas, e particulares de referência, por meio de programas, tal como o Prouni, passam por muitas dificuldades, dentre elas, a de adaptação. O choque cultural é iminente, a diferença de ideias, estilos e até a linguagem, muitas vezes são motivos de chacotas e não de correção pedagógica” (LOURENÇO, 2013, s/p).
Segundo pesquisa realizada por Arroyo, Alvez, Júnior, Crivelaro (2013), com 360 estudantes de cursos aleatórios, escolhidos em função de serem bolsistas, independente do ano ou semestre cursado, em quatro diferentes instituições de ensino superior, sobre as maiores dificuldades encontradas por alunos do PROUNI, aponta que as maiores questões que envolvem estes alunos, dizem respeito ao preconceito encontrado, às dificuldades de encontrar informações sobre o programa que é quase nula, e também ao sentimento de exclusão devido a sua condição financeira. Dos dados mais importantes da pesquisa, o que chama a atenção é que quanto ao fato de terem sentido dificuldade acadêmica ou não, 36% disseram ter sentido e 44% disseram não ter sentido dificuldade.  100% dos estudantes disseram que o curso superior proporciona oportunidades de experiências culturais e profissionais. Dentre as principais dificuldades citadas pelos participantes, a mais citada é a falta de tempos de estudo, provavelmente associada ao fato de terem que trabalhar durante a graduação, tendo em vista que 42% deles têm dificuldade em conciliar horários de estudo com o trabalho, que pode-se deduzir ser devido à falta de recurso desses alunos. Além disso, há também o fator adicional das despesas extras, que foi citada como uma das maiores dificuldades durante o curso.
Conforme Faceira (2010), pode-se afirmar que os alunos PROUNI têm diversas limitações para se manter no curso, mas suas estratégias de superação estão inseridas no plano do “empreendedorismo social”. As atuações em estágios remunerados significam importante rendimento para si e para a família; em sua pesquisa foi mencionado sentir dificuldade de colocação em estágios quando o critério utilizado foi indicação; percebe-se isso quando levada em consideração às vantagens que os alunos, que possuem familiares com empresas ou escritórios de advocacia. Dentre os sonhos relatados pelos participantes do estudo, os mais recorrentes foram: “concluir os estudos”, “mudar de vida”, “ajudar a família”, “crescer profissionalmente”.


OBJETIVO

 A partir desses aspectos, temos como objetivo de pesquisa conhecer os alunos prounistas, quais são as suas dificuldades e impressões a respeito do mundo universitário. Esta pergunta se mostra relevante visto que há poucos artigos que visam esses aspectos. Dessa forma, conhecer o cotidiano dos alunos parece ser uma possibilidade de contribuir com novas formas de inserção destes na universidade e, consequentemente, diminuir a evasão.
  

METODOLOGIA
Para o desenvolvimento da pesquisa foram utilizados diferentes instrumentos e técnicas de investigação: levantamento, estudo bibliográfico e aplicação de questionários online. Foram realizadas análises quantitativas, de forma que permitisse a fundamentação e a contextualização dos atributos que compõe o objeto de investigação.
A definição da amostra e construção dos instrumentos de coleta de dados foi pensada visando garantir o espalhamento representativo do conjunto de bolsistas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Participaram voluntariamente da pesquisa 182 estudantes, de 25 cursos diferentes, membros do grupo virtual ProUni-se.
A pesquisa utilizou instrumento de coleta de dados contemplando a dimensão quantitativa das análises a serem realizadas. Foi construído um questionário online com múltiplas alternativas para aplicação junto aos alunos do grupo ProUni-se.
Para responder aos objetivos da pesquisa, a elaboração do questionário aos alunos bolsistas foi feita com o intuito de obter informações para uma ampla caracterização deste segmento, incluindo: identificação do aluno, trajetória educacional, deslocamentos, situação ocupacional, concepção do mundo universitário, dentre outros aspectos.
A coleta de dados ocorreu entre os dias 17 de setembro e 25 de novembro do ano de 2015.




RESULTADOS E ANÁLISES
                                                           Gráfico 1

                                                                        
                                                         Gráfico 2

                Verificamos no gráfico 1 a predominância de alunos do gênero feminino, com 62,4%, enquanto o do gênero masculino mostra-se com 37,6%. Relativo ao segundo semestre de 2015 na PUC-SP. No Gráfico 2, observamos a alta incidência de alunos com a idade entre 18 e 21 anos (59,6%) e uma menor quantidade de alunos com mais de 25 anos (8,2%), o que pode ter sido ocasionado pelo motivo de o ingresso em ensino superior ser maior após o término do ensino médio do que ao contrário. O gráfico 3 mostra que, realmente, cerca de metade dos alunos (54,1%) não contou com o auxílio de nenhuma outra instituição de ensino e 34,8% fizeram cursinho por um ano, talvez explicando o porquê da idade dos alunos prounistas serem, na maioria, menor que 21 anos de idade. Esse dado dos cursos pré-vestibulares contrasta com a pesquisa de Eni de Faria de Sena, que aponta esses cursos como ferramentas bastante recorrentes para a inserção na universidade.

Gráfico 3 
                                                                
                                                   Gráfico 4                                    

      
O gráfico 4 demonstra que maior parte dos alunos prounistas estudou em escola pública (86,7%). Além disso, aproximadamente, metade dos sujeitos são brancos (52,5%), cerca um terço são pardos (32,6%), 13,8% são pretos e somente 1,1% são amarelos; como se pode observar no gráfico 5.  
        Gráfico 5  

                                                                                                               
Verificamos no gráfico 6 que 59,7% dos alunos prounistas gastam entre 1 e 2 horas para chegar à Universidade, um indicativo de que a maioria dessas pessoas moram em regiões mais distantes da universidade, isso se confirma quando percebemos que uma das dificuldades citadas pelos alunos é justamente a dificuldade de mobilidade, quase metade das pessoas consideram que têm um pouco de dificuldade por causa da distância entre sua residência e a PUC-SP, como ilustra o gráfico 7.
            
Gráfico 6

                                                            

                                                     Gráfico 7

Por mais difícil que seja a vida acadêmica dos alunos prounistas por conta de dificuldades, têm-se o dado de que a maioria, 72,2% dos estudantes, nunca considerou abandonar o curso, contra 27,8% que já consideraram. Isso pode ser decorrente do fato de que para muitos alunos prounistas, estar no mundo universitário é um sonho realizado, visto que muitas vezes eles são a primeira geração da família a ter a possibilidade de estudar no ensino superior e, conforme a pesquisa de Faceira, acreditam que a entrada na universidade pode ser uma formação crucial para a ambição de “mudar de vida”, “crescer profissionalmente” e “ajudar a família”. Isso porque é fatídico que um ensino superior pode proporcionar mais oportunidades de crescimento profissional e melhora de qualidade de vida. Assim, muitos dos estudantes veem a entrada universitária via Prouni como uma oportunidade que não pode ser desperdiçada.                           
                                                  Gráfico 8

                                                                    Gráfico 9


 

      
Dentre as pessoas que já consideraram largar o curso, a categoria mais mencionada foi a Falta de Recursos (48%), seguidamente de Locomoção (27%), Discriminação (17%) e Outros (8%). Os motivos mencionados na categoria “Outros” foram: dificuldade com matérias, dificuldade de trocar de curso, morar distante da família, cansaço de deslocamento em relação à faculdade, desânimo, sentimento de incapacidade, vergonha. Apesar de ter sido apontada essa dificuldade com matérias, quase nenhum dos alunos da pesquisa relataram uma diferença relevante entre o seu desempenho e de alunos não-prounistas, o que poderia indicar que essa “defasagem escolar”, mencionada por Sena, foi compensada com um bom desempenho durante a inserção no ensino universitário. As pessoas que constataram essa dificuldade em relação à Falta de Recursos foram Psicologia, Direito, Ciências Econômicas, Publicidade e Propaganda e Pedagogia. Essa falta de recursos é recorrentemente apontada como uma das maiores dificuldades do prounistas, como já haviam apontado Saraiva e Nunes.

Gráfico 10
 Gráfico 11

Gráfico 12




De acordo com o gráfico 10, cerca de 54,1% dos prounistas trabalham, contudo 64,1 % afirmam que sua renda familiar não é suficiente para se manterem na universidade (gráfico 11). A maioria dos alunos, cerca de 48%, afirmam que a falta de recursos é uma de suas maiores dificuldades e já foi motivo para pensarem em largar o curso (gráfico 12). Esses resultados apontam que as questões financeiras ainda estão entre as maiores dificuldades enfrentadas pelos alunos prounistas. Muitos alunos afirmaram que buscam alternativas para sanar essa dificuldade financeira, tais como buscar estágios ou empregos informais (“bicos”), no gráfico 12, percebemos que 81,7% dos alunos que trabalham estudam no período da noite e 89,3% dos alunos que não trabalham estudam em período integral, um indicativo de que os alunos que estudam em período integral possam enfrentar maiores dificuldades financeiras.


Gráfico 13



Gráfico 14


Sobre terem sofrido discriminação, a diferença entre os que responderam “Sim” e “Não” é relativamente baixa. Os que responderam já ter sofrido discriminação são 44,8% contra 55,2%, no entanto, ainda que a diferença seja relativamente baixa, não devemos descartar o dado de que quase metade dos alunos prounistas já tenham se sentido discriminados, possivelmente, pela sua condição social mais baixa uma vez que o gráfico 5 mostra que a maioria destes são brancos, podendo a questão étnica ser menos significativa para a determinação do ser discriminado.
Dentre aqueles que já sentiram vergonha de dizer que são prounistas, aproximadamente, ¼ apenas disseram ter sentido vergonha de dizerem que são prounistas, não sendo estes relatados por meio do questionário.
Em relação ao ensino médio e sua influência na vida acadêmica do ensino superior, podemos ver que no gráfico 15 não há discrepância entre as dificuldades encontradas em conteúdos acadêmicos relacionadas com o tipo de escola que o sujeito estudou, como é possível observar no gráfico esses números estão bem equivalentes.

Gráfico 15



  CONCLUSÕES

A partir da análise dos dados obtidos, foi possível concluir que os estudantes da amostra que responderam ao questionário, reiteram a proposta inicial da pesquisa de demonstrar os desafios da inserção em um programa inclusivo (ProUni) dentro de uma sociedade historicamente excludente. Isso porque os enfrentamentos apresentados são decorrentes de problemas advindos de uma marginalização histórica, dentre eles a dificuldade de educação em uma escola pública, sendo, dos alunos que responderam ao questionário, mais de 85% oriundos destas, a deficiência financeira, que é amplamente vista nas condições das famílias dos estudantes, levando em consideração que, em sua maioria, a renda familiar é considerada insuficiente para se manterem na faculdade, a distância, sendo pouco mais de 70% aqueles que levam entre 1, 2 ou mais de 3 horas para chegar à universidade (considerando como não dificuldade, apenas cerca de 23% dos alunos), a condição de compra de material, facilmente relacionada à falta de recursos, que, aproximadamente, metade dos alunos (48%) consideram também uma dificuldade, entre outros. Além da discriminação, também apontada como uma problemática, sofrida por motivos diversos.
Apesar disso, é evidente a satisfação dos estudantes em relação à oportunidade proporcionada pelo programa, visto que mesmo com todas as dificuldades apontadas, a grande maioria não cogitou abandonar o curso. O pensamento majoritário está focado, principalmente, em conseguir o melhor aproveitamento possível do curso.
A pesquisa demonstrou ainda que é necessário que haja um aprofundamento das propostas ProUnistas, a fim de sanar todas as problemáticas vividas pelos estudantes, que não são falhas do programa, mas reminiscências da construção socioeconômica da sociedade brasileira. Entretanto, pode-se propor que o programa reveja certas medidas para facilitar a permanência dos alunos na Universidade, como um auxílio para a compra de matérias (uma das principais problemáticas apontadas na pesquisa).
Ademais, futuras pesquisas relacionadas ao ProUni são bem vindas ao campo acadêmico, não só com enfoque local, mas buscando estudar o assunto em âmbito nacional - vendo que atualmente é um programa educacional que não foi amplamente estudado em certos aspectos, sobretudo ao que diz respeito às vivências dos alunos bolsistas. 

REFERÊNCIAS
ARROYO, M.C; ALVES, M.P; JÚNIOR, L.T.K; CRIVELARO, M. Maiores dificuldades encontradas pelos bolsistas do PROUNI para concluir o curso superior. São Paulo, 2013. VIII Workshop de pós-graduação e pesquisa do centro Paulo Souza.
CATANI, A.M, HEY A.P & GILIOLI, R.S.P. PROUNI: democratização do acesso às Instituições de Ensino Superior?. Educar, Curitiba, n. 28, p. 125-140, 2006. Editora UFPR.   
FACEIRA, L.S. Análise microssocial do PROUNI como política pública de inclusão acadêmica e social: o olhar do aluno bolsista. Rio de Janeiro, 2009. 38p. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Educação do Departamento de Educação da PUC-Rio. Disponível em: <http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/14114/14114_8.PDF>.  Acesso: 06/11/2015
LOURENÇO, E. Da periferia aos desafios no ensino superior: Disponível em: <http://prouni-se.blogspot.com.br/2013/09/da-periferia-aos-desafios-no-ensino.html>. Acesso em: 19 junho 2015. 
MANCEBO, D. Reforma Universitária: Reflexões Sobre a Privatização e a Mercantilização do Conhecimento. Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 88, p. 845-866, Especial - Out. 2004.
SARAIVA, L.A.S.; NUNES, A.S. A efetividade de programas sociais de acesso à educação superior: o caso do ProUni. Rev. Adm. Pública, Rio de Janeiro, v. 45, n. 4, 2011.         
SENA, Eni de Faria. Estímulo, Acesso, Permanência e Conclusão no Ensino Superior de Alunos Bolsistas do programa Universidade Para Todos (Prouni)- Contribuições para o Enfrentamento do Processo de inserção. São Paulo, 2011. Tese (Doutorado em Educação) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.  


[1] Criado pelo Governo Federal em 2004, Medida Provisória (MP) nº. 213/2004 e institucionalizado pela Lei nº. 11.096, de 13 de janeiro de 2005.

Grupo organizado por bolsistas do ProUni interessados em garantir direitos, permanência no ensino superior, inclusão social e projetos voltados para a melhoria da relação entre os estudantes e a universidade. Foi criado e é mantido em uma rede social.
[2] A Pesquisa Nacional de Amostra em Domicílio (PNAD), realizada na década de 60, surgiu com o intuito de suprir a falta de informações sobre a população brasileira durante o período intercensitário; e de estudar temas insuficientemente investigados ou não contemplados nos censos demográficos decenais realizados por aquela instituição (Fundação IBGE através do Programa Nacional de Pesquisas Contínuas por Amostra de Domicílios). Nessa pesquisa ficou evidente a carência de informações que o Brasil tinha para planejar e acompanhar o seu desenvolvimento social, econômico e demográfico. Isso porque os dados decenais, oriundas dos censos demográficos, eram insuficientes e demasiadamente defasados naquela época para atender às demandas. As pesquisas por amostra de domicílios eram o caminho possível para o atendimento das demandas existentes, uma vez que, além de possibilitarem um maior controle das fases operacionais e uma significativa redução do tempo de execução e dos custos, permitem a ampliação e o aprofundamento dos temas captados pelos levantamentos que investigam toda a população.   








 




 




 





                
                                                                                       






























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